11 de fev. de 2014

Getúlio

Cheguei em casa por volta das nove e meia da noite. Voltava de uma série de entrevistas de emprego. O dinheiro da rescisão e indenização do último estava acabando e eu precisava de outro para me manter mesmo dividindo as contas com Vanessa. 

Logo que entrei me deparei com a sem vergonha sentada no colo de um cidadão de 1,90 de altura trajando um terno caro (deu pra saber de longe) em uma cena de amorzinho barato

Os dois ficaram espantados. Vanessa se levantou rapidamente, sem graça. 

- Quem é esse? - perguntou o projeto de Eike Batista. 

- Quem é esse é o cara**o, queridão. Quem é você? - respondi ofensivamente sem ligar nem lembrar que o rapaz tinha 1,90 e o porte de candidato a halterofilista.

- Comoéquié? - interrogou o galalau. 

- É isso mesmo, amigo. Essa casa é minha, pode ir dando o fora! AGORA!

O cara levantou e fez que ia me agredir. Vanessa entrou na frente. 

- Calma Getúlio! É melhor você ir. Depois nos falamos. 

- Getúlio? O nome dele é Getúlio? - perguntei, apontando e rindo. 

Vanessa me olhou desaprovando a atitude. 

Foram até a porta. O cara ficou me encarando com sangue nos olhos. 

Depois de ter despachado o halterofilista com nome de estadista suicida, ela veio até mim, cruzou os braços e ficou me encarando. 

- O que foi? - disse, me recuperando do acesso de risos.

- Você é idiota ou o quê? essa foi a crise ciúmes mais imbecil que já pude presenciar. 

- Ciúmes, Vanessa? O que vocês beberam? Água de radiador? - ri. 

- Ok, Milton. Quando perguntei se podia trazer alguém para cá quando você não estivesse, você assentiu. Agora me vem com estardalhaço. Francamente.

Tentei me desculpar, mas ela não me deu a oportunidade. Pegou suas coisas e dirigiu-se a porta. 

-  Vai sair agora? já está ficando tarde. 

-  Não é da sua conta. Você não é meu pai. Vou procurar o Getúlio e pedir desculpa pelo meu amigo ciumento e imbecil. 

- Está ficando tarde. Depois não vem me ligar e pedir pra ir te buscar, hein! - desdenhei.

Vanessa esbravejou:

- Tudo bem, eu me viro. Me virava bem muito antes de te conhecer.
 
 Saiu batendo a porta. 

Peguei uma garrafa de vinho, a última que havia sobrado. Sentei na minha poltrona e comecei a beber enquanto pensava "ciumento é o cacete".


Nenhum comentário: